Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente defende negociação com os Estados Unidos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil está aberto a negociações com os Estados Unidos, mas não aceitará medidas unilaterais como a taxa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo governo norte-americano. As declarações foram dadas em entrevista à CNN Internacional, concedida à jornalista Christiane Amanpour e exibida na quinta-feira (17).
Durante a conversa, o presidente brasileiro deixou claro que o país não cederá a pressões externas. “Estamos dispostos a conversar, mas não admitiremos nada que nos seja imposto. O Brasil não quer se afastar dos EUA, mas também não será submetido a condições abusivas”, afirmou. Lula ainda sugeriu que o presidente norte-americano, Donald Trump, reavalie suas posições, especialmente em relação a interferências em assuntos internos do Brasil, como o processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Sobre a defesa pública feita por Trump a Bolsonaro, Lula destacou a independência do Judiciário brasileiro. “Não sou eu quem o acusa. É a Corte Suprema, que age com autonomia”, disse, lembrando que ele próprio já foi julgado pelo STF sem questionar a legitimidade das decisões. O presidente também rebateu as alegações de Trump sobre um suposto déficit comercial entre os países, afirmando que os dados não sustentam essa visão.
Em relação às tensões comerciais, Lula mencionou que o governo brasileiro já apresentou propostas de diálogo, mas não obteve resposta formal. “Preferimos resolver isso diplomaticamente, mas, se necessário, usaremos mecanismos legais para proteger nossos interesses”, declarou, referindo-se à possibilidade de aplicar medidas de reciprocidade.
Sobre política externa, o presidente comentou a postura de Trump em conflitos como os da Ucrânia e de Gaza. Apesar de reconhecer gestos positivos, criticou o aumento de gastos militares dos EUA em detrimento de iniciativas humanitárias. “O mundo precisa mais de comida e água do que de armas”, afirmou, reforçando a necessidade de uma atuação mais eficiente da ONU para mediar crises internacionais.
Por fim, Lula negou que diferenças ideológicas sejam um obstáculo insuperável nas relações bilaterais. “Não me vejo apenas como um líder progressista, mas como presidente de todos os brasileiros. Da mesma forma, Trump é o representante eleito dos EUA. O importante é o respeito mútuo entre as nações”, concluiu.
(Fonte: Agência Brasil)
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