Pontífice manifesta preocupação com agravamento da crise e pede fim das hostilidades
Durante sua audiência geral semanal na Praça de São Pedro, nesta quarta-feira (21), o Papa Leão XIV fez um apelo público para que Israel permita o acesso de auxílio humanitário à Faixa de Gaza. O líder da Igreja Católica classificou a situação no território palestino como “cada vez mais alarmante e dolorosa”.
“Reitero meu pedido para que se autorize o envio de uma ajuda justa e adequada e para que os confrontos sejam interrompidos, pois quem mais sofre são as crianças, os idosos e os enfermos”, declarou o papa diante dos fiéis. A declaração ocorre no mesmo dia em que a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusou Israel de liberar apenas uma quantidade extremamente limitada de assistência, insuficiente para atender às necessidades da população local.
Segundo a MSF, a liberação de suprimentos tem sido mínima, apenas o suficiente para “evitar acusações de que a população está sendo levada à fome de forma deliberada”. A escassez de mantimentos se agrava, especialmente para os grupos mais vulneráveis. De acordo com o diretor de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher, há risco iminente de morte para cerca de 14 mil bebês nas próximas 48 horas, caso novos carregamentos não cheguem com urgência.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) informou que toneladas de suprimentos, localizados em um armazém a poucas horas da fronteira com Gaza, permanecem retidas, aguardando autorização para atravessar. Entre os itens estão alimentos suficientes para atender 200 mil pessoas, medicamentos para 1,6 milhão, cobertores, kits de higiene e materiais escolares.
“O povo de Gaza precisa de tudo. Os carregamentos devem ser liberados imediatamente”, reforçou a UNRWA em nota. Embora Israel tenha autorizado, na terça-feira (20), a entrada de aproximadamente 100 caminhões com assistência, ainda não está claro quantos desses veículos conseguiram de fato cruzar a fronteira.
Até a manhã desta quarta-feira, a ONU não havia conseguido distribuir qualquer tipo de ajuda dentro da Faixa de Gaza, o que contradiz informações do governo israelense de que o bloqueio, em vigor há 11 semanas, teria sido suspenso. A organização informou que, na segunda-feira (19), apenas cinco caminhões conseguiram ingressar no território.
Tom Fletcher, em entrevista à emissora britânica BBC, classificou o volume de ajuda liberado como “insignificante diante da imensidão das necessidades”. A ONU estima que, para atender adequadamente os 2,3 milhões de habitantes de Gaza, seriam necessários ao menos 500 caminhões diários com suprimentos humanitários e produtos essenciais.
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