Protestos na Venezuela após regime declarar reeleição de Maduro
Uma morte foi registrada durante confrontos entre manifestantes e forças de segurança pelo país
Começou uma onda de protestos na Venezuela nesta segunda-feira (29), depois de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), um órgão fortemente controlado pelo regime, ter declarado o presidente, Nicolás Maduro, vencedor na eleição de domingo (28). Em todo o país, foram registrados confrontos violentos entre manifestantes e forças de segurança, com relatos de pelo menos uma morte em conexão com as manifestações.
Ao menos uma pessoa morreu nos protestos contra a questionada reeleição do presidente, que foram reprimidos pelas forças de segurança, enquanto a oposição afirma ter provas de uma fraude eleitoral e cresce o apelo internacional para uma transparência maior na contagem dos votos. Além disso, dezenas de pessoas foram detidas.
De acordo com o Observatório de Conflitos da Venezuela, até as 18h de segunda, haviam sido registrados 187 protestos em 20 estados, com relatos de “inúmeros atos de repressão e violência realizados por coletivos paramilitares e forças de segurança”. Imagens de televisão mostraram a polícia usando gás lacrimogêneo e ocasionalmente batendo em pessoas. Tiros também foram disparados contra manifestantes que marchavam para o palácio presidencial na capital Caracas, informou o jornal El Nacional.
A primeira morte foi registrada no estado de Yaracuy (noroeste), segundo a ONG Foro Penal, especializada na defesa de presos políticos, que, no entanto, não explicou as circunstâncias do falecimento. Alfredo Romero, diretor da organização, também informou que 46 pessoas foram detidas pelas autoridades.
“E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!”, gritavam milhares de manifestantes que foram às ruas da gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. “Entregue o poder já!”, exclamavam outros.
Manifestações foram registradas em várias regiões da capital, onde a Guarda Nacional militarizada dispersou várias delas com gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha. Também foram ouvidos disparos em alguns bairros.
Em uma transmissão ao vivo do palácio presidencial de Miraflores, Maduro disse que suas forças estavam agindo contra o que chamou de “protestos violentas”. As forças armadas há muito apoiam Maduro e não há sinais de que os líderes estejam rompendo com o governo.
“Temos acompanhado todos os atos de violência promovidos pela extrema direita. Posso dizer ao povo da Venezuela que iremos agir se eles fizeram mal”, disse ele.
“Já conhecemos esse filme, então, mais uma vez, junto com a união civil, militar e policial, estamos agindo. Já sabemos como eles operam.”
O Ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, também alertou contra permitir uma repetição das “situações terríveis de 2014, 2017 e 2019”, quando centenas de manifestantes foram mortos.
No Brasil, venezuelanos protestam contra Nicolás Maduro em Brasília, São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. Em Brasília, um grupo de cerca de 30 venezuelanos se reuniu na Embaixada da Venezuela, único local de votação no território brasileiro. Por volta das 15h30, uma nova manifestação foi organizada em frente à Torre de TV, na área central da cidade.
Em Curitiba (PR), o ato se concentrou em frente à UFPR (Universidade Federal do Paraná). Já em São Paulo (SP), a manifestação foi realizada em frente à estátua de Francisco Miranda (ex-presidente do país), na Praça do Ciclista, na avenida Paulista. No Rio (RJ), os venezuelanos estenderam bandeiras do país em frente ao Copacabana Palace e exibiram cartazes com os dizeres “Venezuela livre”.
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